segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A grande família

Considero a genealogia, um passatempo valioso.

De tempos em tempos, faço alguma pesquisa sobre nossos ancestrais.

Isto motiva manter-me mentalmente ativo, e serve de pretexto para estudar história, geografia, idiomas e assim por diante.

Um aspecto que chama atenção é a herança genética. Os nomes numa árvore genealógica representam as cotas de genes que herdamos. Na medida em que mais nomes de família são acrescentados na linha ascendente, mais se dilui a identidade. A origem dos genes vai se subdividindo em cotas cada vez menores. Da mesma forma, se diluirá na descendência.

Temos 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, e até 16 trisavós, 32 tetravós, e assim em progressão 64, 128, 256, 512, e teríamos 1.024 ancestrais já na décima geração, teoricamente.
Com 20 gerações, seriam 1.048.576 ancestrais. Mas, na realidade não!

Serão menos do que nesta progressão de “n” na potência de 2, porque em várias linhagens aparecerão os mesmos nomes.

Por exemplo, se dos 4 avós de fulano, 2 forem primos entre si, fulano terá em suas linhagens apenas 28 sobrenomes de trisavós, ao invés dos teóricos 32.

Imagine que cada um de nós tenha 30 trisavós. É fácil perceber que as linhagens dos ancestrais não podem abranger quantidade de nomes na mencionada progressão. Ora, já em cerca de 1850 não viviam sobre a terra 30 vezes mais pessoas. Pelo contrário, havia muito menos habitantes sobre a terra.

Dito de outra maneira, considerando 25 anos por geração, em mil anos serão 40 gerações. Assim, lá pelo ano 1000, na idade média, teríamos pelo mundo 1.099.511.627.776 parentes nossos! Resultado de 2 na potência 40. Como não existia esta população, significa que a maioria destes remotos ancestrais participa de nosso patrimônio genético, mais de uma vez, nos alcançando por múltiplas linhagens.

Nunca me aprofundei no assunto, mas talvez por isto tenhamos o que se convenciona chamar de memória coletiva, lembranças sobre locais, e coisas do gênero. E também, possamos ter herança genética mais acentuada de alguns ancestrais que apareceriam mais vezes em nossas linhagens, se fosse possível levantá-las de forma completa.

No imaginário, faço analogia entre cérebro e computador. Os genes seriam como arquivos. Receberíamos milhares de nossos ancestrais, herdando uma pasta. Forneceríamos por nossa vez, cópias de nossa pasta de arquivos para cada descendente. Como eles recebem cópia da pasta de arquivos tanto do pai como da mãe, e assim sucessivamente nas gerações vindouras, nossas cópias estariam incluidas nas pastas de cada um de nossos descendentes. E é claro, haveria sempre atualizações, um continuo aperfeiçoamento e inovações. Mas muitos conhecimentos permaneceriam válidos no mundo atual.

Não sei como poderíamos acessar e abrir tais arquivos. Ou, se afloram e se abrem sob determinadas circunstâncias. Sempre especulava sobre esta possibilidade. Tem a ver com inconsciente coletivo, memória genética ou ancestral.

Estava fechando o tópico, quando resolvi pesquisar sobre se há alguma coisa mais específica sobre o assunto. Encontrei, e aprendi um pouco sobre a tal síndrome Savant.

Síndrome Savant é uma condição na qual existem enormes capacidades relacionadas à memória em indivíduos com severas limitações mentais. Seja para matemática, música, artes ou outras.
Relacionados a intuições congênitas, quando não precisa estudar mas sabe.

Há os casos de gênios precoces. Haveria uma terceira memória, alem da cognitiva/semantica e de procedimentos/hábitos. Uma memória genética. Transmissão genética do próprio conhecimento, como se fossem chips. No mundo animal isto existe, especialmente entre insetos. Aranhas não aprendem a tecer teias, o fazem automáticamente.

Achei interessante que realmente existem estudos em andamento sobre isto. E há opiniões de que todos temos memória genética ou ancestral. O que se pesquisa é de como tirar proveito disso, sem precisar passar por algum trauma craniano ou coisas do gênero, que às vezes desencadeiam processos parecidos.

Já pensou nisto?

Complemento:

A memória coletiva social é distinta, transmitida de geração em geração.

Ilustrando a memória genética ou ancestral, poderia dizer que caso encontrasse hoje javalis, "lembraria" a melhor forma de defesa, ou de como caçar um deles. Talvez subiria numa árvore instintivamente.

Mas, alem destes conhecimentos que tem pouca utilidade nos dias de hoje, há conhecimentos de utilidade permanente como saber que 2 x 2 = 4.

Faz sentido, talvez haja esta memória genética, e assim como volta e meia surge aquele "estalo" na solução de problemas, haja meios de incrementar nossa inteligência.