quinta-feira, 28 de junho de 2012

Árvores de família: Genealógica e Genética.


Um complemento ao que escrevi sob o título “Grande Família”,
e o blog sobre famílias Ruschel e Heberle.

Obtive o principal link sobre o assunto, em grupo de genealogia (SC e RS) no Facebook.

Temos duas árvores de família, a genealógica e a genética.

Qual a diferença entre uma árvore genealógica e uma arvore genética?

A distinção é que a árvore genealógica abrange todos os ancestrais, e a árvore genética somente os ancestrais que realmente legaram DNA para você.

A genealógica torna-se interessante na medida em que é a história da família, mais do que simplesmente uma relação de nomes e datas relativas aos ancestrais. E o parentesco pode ser indicativo de tradições culturais. Assim, alguém poderá ter influenciado descendentes em usos e costumes. Isto, ainda que não seja seu ancestral genético, e sim apenas genealógico.

A genética indica mais as características físicas e biológicas transmitidas de geração em geração, incluindo distúrbios de saúde. Já são obteníveis mapeamentos sobre ancestralidade genética.

Quantos ancestrais compartilham nosso DNA?

Um indivíduo, de forma aleatória pode não deixar nenhum DNA a um descendente longínquo (como a um tataraneto). E, por isto não aparecer na árvore genética do descendente, embora seja seu ancestral genealógico.

A dez gerações pode haver aproximadamente 1024 ancestrais por parentesco.
Quantos destes ancestrais fazem parte da nossa árvore genética?
Considerando a chance de 50% de obter de cada um dos pares, teríamos no máximo 46  ancestrais genéticos (igual nossos pares de cromossomos). Isto é subestimar, pois o DNA não é passado como um cromossomo inteiro. Ocorrem recombinações, o que estanca perdas e permite que haja mais de 46 ancestrais contribuindo para nosso DNA.

Estudos foram efetuados com simulações, levando em conta recombinações. Após dez gerações, apenas 12% dos ancestrais genealógicos seriam tambem ancestrais genéticos. A probabilidade de todos os ancestrais genealógicos serem tambem ancestrais genéticos diminui rapidamente a cada geração. São 99.6% de serem 16 trisavós, todos.  54% os 32 tetravós. E somente 0,01% todos os 64 penta avós. Apenas cinco gerações de parentes são suficientes para redução da sua árvore de DNA, em relação à árvore genealógica.

O número de ancestrais genéticos inicia crescendo exponencialmente, depois tende a se estabilizar em torno de 125. Na décima geração com o máximo de 1024 ancestrais genealógicos, 120 são os ancestrais genéticos.

Finalmente, há um dado interessante relativo às recombinações genéticas. Devido a estas, somos geneticamente, em média ligeiramente mais aparentados com a linha materna. Na décima geração, 14% à linha materna (mãe, avó da mãe, etc.) e 11% à linha paterna (pai, avo do pai, etc.).

São dados interessantes a considerar ao estabelecer objetivos de pesquisas sobre famílias e parentescos, seja em genealogia, seja em mapeamentos genéticos.

domingo, 17 de junho de 2012

Alem de cangurus e orquídeas silvestres!


Como há muitos brasileiros estudando e trabalhando mundo afora - em maior número nos Estados Unidos, na Europa e também Austrália, dos quais muitos acabam adotando nova pátria - é interessante observar certas peculiaridades culturais nos diversos países.

Mantive contatos com Greg Heberle, que reside em Perth, Western Austrália, quando enviei alguns dados e fotos para edição de seu livro Heberle Family (editado em 2005). A partir daí tive crescente interesse por assuntos relacionados também à Austrália.

Constatei, a partir deste livro e o site de Greg na internet (ao final da página do link, há sobre orquídeas e seus endereços), que há na flora australiana três orquídeas silvestres nomeadas segundo os pais de Greg.

Ronald Leslie Heberle e esposa as pesquisavam exaustivamente. Entre estas de sua descoberta, a orquídea Diuris heberlei - portanto relacionadas ao nosso sobrenome.

Greg tambem publicou materiais sobre suas pesquisas relativas a cangurus que estariam extintos, mas não o estão totalmente. Pensando em contrastes e semelhanças com o Brasil, fui ver que marsupiais no Brasil só há em espécie pequena.

Este meu interesse por particularidades culturais, teve recentemente um impulso adicional. Isto devido a ter conhecidos nos Estados Unidos e também na Europa, incluindo familiares. Quanto à Austrália soma-se ao já mencionado acima sobre o livro e orquídeas, uma série de circunstancias e coincidências. Relacionadas estas ao reencontro de pessoa do convívio na infância e adolescência, nunca mais vista há mais de quarenta anos – e com seus descendentes morando na Austrália.

Prestando mais atenção, no caso da Austrália, percebemos que há simbolismos que vão muito alem dos tangíveis cangurus. Outros símbolos, sutilezas e nuances culturais que implicam em conhecer até gírias, o linguajar e maneira de ser mais populares – enraizadas nas tradições australianas.

Assim há o Anzac e a música Waltzing Matilda.

Dia 25 de abril comemoram ação das forças armadas, Australian and New Zealand Army (ANZAC). Há um biscoito denominado Anzac, porque era levado pelos soldados como alimento durável e nutritivo. Há portanto um simbolismo. Este biscoito e seu simbolismo são compreensíveis facilmente pelo histórico e sua receita.

Waltzing Matilda,(vídeo) quase um hino nacional não oficial, super carregada de simbolismo, é de complexa apreensão dos significados de sua letra. Chamou-me atenção ao assistir vídeo onde um comentarista na Alemanha tentava explicar ao seu público.

Fui pesquisar, encontrando definições de várias palavras tipicamente australianas, cujo significado é necessário saber para conhecer o sentido da música. Podem ser vistas neste link, em inglês
Também neste, em português.

Fala-se de um andarilho. Carregava sua mochila, que afetivamente chamava Waltzing Matilda  (idiossincraticamente, denominam assim um tipo de mochila). Trabalhava aqui e acolá para os grandes fazendeiros. Preparava seu almoço e descansava à sombra de copiosa árvore típica da região (eucalipto de madeira dura, crescendo fácil ao longo de rios, lagos, açudes). Preparava suas refeições em panela de alça (por vezes improvisada com algum latão), suspensa, ou em fogo de chão – o que lembra hábitos gaúchos. Sempre acompanhado da sua mochila. Teria vindo um carneiro tomar água na panela colocada a ferver. Apanhou o carneiro colocou-a na mochila. Perseguido por forças policiais a serviço de grandes fazendeiros, que indagavam onde está o cordeiro que escondeste na mochila – pula na água, pratica suicídio no lago (braço de rio separado formando águas paradas) “não me pegarão vivo”. Próximo seu espírito continuaria vagando, se passar por lá poderá ouvir a cantar o refrão de Waltzing Matilda.

Seria um lamento ao suicídio de um vagabundo. Mas é uma expressão contra autoritarismo, e, espírito de independência. Certamente uma homenagem aos que contribuíram e contribuem com seu trabalho no engrandecimento da Austrália.

Entre estes, migrantes brasileiros, que por sua vez, aos poucos vão incorporando ao mosaico de tradições dos súditos da Rainha - muitos deles que acabam ficando, e descendentes - hábitos brasileiros, a exemplo do chimarrão.