Como há muitos brasileiros estudando e trabalhando mundo afora - em maior número nos Estados Unidos, na Europa e também Austrália, dos
quais muitos acabam adotando nova pátria - é interessante observar certas
peculiaridades culturais nos diversos países.
Mantive contatos com Greg Heberle, que reside em Perth,
Western Austrália, quando enviei alguns dados e fotos para edição de seu livro
Heberle Family (editado em 2005). A partir daí tive crescente interesse por
assuntos relacionados também à Austrália.
Constatei, a partir deste livro e o site de Greg na internet
(ao final da página do link, há sobre orquídeas e seus endereços), que há na flora
australiana três orquídeas silvestres nomeadas segundo os pais de Greg.
Ronald Leslie Heberle e esposa as pesquisavam exaustivamente.
Entre estas de sua descoberta, a orquídea Diuris
heberlei - portanto relacionadas ao nosso sobrenome.
Greg tambem publicou materiais sobre suas pesquisas
relativas a cangurus que estariam extintos, mas não o estão totalmente. Pensando
em contrastes e semelhanças com o Brasil, fui ver que marsupiais no Brasil só
há em espécie pequena.
Este meu interesse por particularidades culturais, teve
recentemente um impulso adicional. Isto devido a ter conhecidos nos Estados
Unidos e também na Europa, incluindo familiares. Quanto à Austrália soma-se ao
já mencionado acima sobre o livro e orquídeas, uma série de circunstancias e
coincidências. Relacionadas estas ao reencontro de pessoa do convívio na
infância e adolescência, nunca mais vista há mais de quarenta anos – e com seus
descendentes morando na Austrália.
Prestando mais atenção, no caso da Austrália, percebemos que
há simbolismos que vão muito alem dos tangíveis cangurus. Outros símbolos,
sutilezas e nuances culturais que implicam em conhecer até gírias, o linguajar
e maneira de ser mais populares – enraizadas nas tradições australianas.
Assim há o Anzac e a música Waltzing Matilda.
Dia 25 de abril comemoram ação das forças armadas, Australian and New Zealand Army (ANZAC). Há um biscoito
denominado Anzac, porque era levado pelos soldados como alimento durável e
nutritivo. Há portanto um simbolismo. Este biscoito e seu simbolismo são compreensíveis facilmente pelo
histórico e sua receita.
Já Waltzing Matilda,(vídeo) quase um hino nacional não oficial, super
carregada de simbolismo, é de complexa apreensão dos significados de sua letra.
Chamou-me atenção ao assistir vídeo onde um comentarista na Alemanha tentava
explicar ao seu público.
Fui pesquisar, encontrando definições de várias
palavras tipicamente australianas, cujo significado é necessário saber para
conhecer o sentido da música. Podem ser vistas neste link, em inglês.
Fala-se de um andarilho. Carregava sua mochila, que afetivamente
chamava Waltzing Matilda (idiossincraticamente, denominam assim um tipo
de mochila). Trabalhava aqui e acolá para os grandes fazendeiros. Preparava seu
almoço e descansava à sombra de copiosa árvore típica da região (eucalipto de
madeira dura, crescendo fácil ao longo de rios, lagos, açudes). Preparava suas
refeições em panela de alça (por vezes improvisada com algum latão), suspensa, ou
em fogo de chão – o que lembra hábitos gaúchos. Sempre acompanhado da sua
mochila. Teria vindo um carneiro tomar água na panela colocada a ferver.
Apanhou o carneiro colocou-a na mochila. Perseguido por forças policiais a
serviço de grandes fazendeiros, que indagavam onde está o cordeiro que escondeste
na mochila – pula na água, pratica suicídio no lago (braço de rio separado
formando águas paradas) “não me pegarão vivo”. Próximo seu espírito continuaria
vagando, se passar por lá poderá ouvir a cantar o refrão de Waltzing Matilda.
Seria um lamento ao suicídio de um vagabundo. Mas é uma
expressão contra autoritarismo, e, espírito de independência. Certamente uma
homenagem aos que contribuíram e contribuem com seu trabalho no engrandecimento
da Austrália.
Entre estes, migrantes brasileiros, que por sua vez, aos
poucos vão incorporando ao mosaico de tradições dos súditos da Rainha - muitos
deles que acabam ficando, e descendentes - hábitos brasileiros, a
exemplo do chimarrão.
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