sábado, 21 de novembro de 2009

Atrasei um avião já atrasado






Ou, "fiz um avião parar", na realidade "abortei a decolagem" de um avião.











Nem os familiares souberam. Pois sempre guardei para mim, como sendo um tremendo "mico", ou algo irrelevante para outros.


De fato aconteceu.


De poucas viagens mais longas, tive oportunidade de permanecer alguns meses nos Estados Unidos, ao final do ano 2000 (já que o mundo iria terminar mesmo, ou no mínimo haveria um tremendo "bug"...)


Estava em Boston, e na véspera do natal, viajei para Filadélfia.


Como havia muita neve, todos os voos estavam atrasados.


No aeroporto em Boston, enormes filas de pessoas aguardando.


Fiz o check-in, e resignadamente fui a respectiva sala de espera.


Surpresa! "Cara de sorte que sou!"


Vejo no display do túnel de embarque anunciado extamente o meu voo para Filadélfia!


Apressei os passos, e lá fui eu, sendo o último na fila de embarque.


Apresentei a passagem, e entrei no avião.


Hmmm, parece estranho. Avião menor do que imaginava. Maior parte de senhoras idosas, e alguns homens tambem idosos se ajeitando nas poltronas.


Mais estranho ainda, o próprio comandante do vôo, brincando com uma destas idosas bem humoradas:


"Do you like onion juice?"


Você gosta de suco de cebola? "É só isto que podemos oferecer"


Putss, deve haver algo de errado, ou será que a filha me deu um "presente de grego"?


O avião começou a taxiar. Em seguida, anunciavam aqueles avisos de praxe sobre procedimentos de segurança, e assim por diante. Foi quando ouvi: "A chegada prevista a Toronto é a tal hora"


E agora?


Enquanto levantei da poltrona, me manifestei em voz alta, e houve toda uma movimentação - passou pela cabeça o que poderia acontecer se chegasse ao Canadá sem visto de entrada!



Interromperam o taxiamento, voltou o avião, e houve uma rápida conversa com o comandante da aeronave. Cena incrível, mas amigável. Pedi desculpas a todos os passageiros. Expliquei que era um turista brasileiro - chiiii, olhares incrédulos! (Brasil não são indígenas?)


Ufa, que alívio. O avião monobrou de volta ao tunel de embarque e desembarquei, e lá fui eu.



Estaca zero. Aguardei o outro avião, que estava atrasado. Mas os displays ficaram desligados por um bom tempo. E, depois de longa espera "curtindo o mico", embarquei efetivamente com destino a Filadélfia.


Nove meses após, houve os atentados de 11 de setembro (2001).


Fiquei pensando, e hoje o escrevo (sobre a lição do "mico"):


a) Lembre sempre que é bom desconfiar quando o milagre é muito grande;


b) Naquela véspera de natal, constatei que no aeroporto de Boston (de onde partiu um dos aviões utilizados pelos terrorristas no atentado,) houve duas falhas que possibilitaram meu embarque em avião errado.


b.1 - Os displays nos túneis de embarque sinalizavam erroneamente, e,


b,2 - não conferiram efetivamente minha passagem que apresentei.


Em compensação, na Filadélfia, entre outras visistas a locais históricos, sentei na cadeira de Benjamin Franklin em sua gráfica (ou tipografia), e assisti uma demonstração de como imprimiram a Declaração da Independência dos Estados Unidos.

Aliás, Benjamin Franklin, entre suas várias publicações, também publicou o primeiro jornal em lingua alemã nos Estados Unidos, o Philadelphische Zeitung.











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